O que você pode esperar do psicólogo/psicoterapeuta na psicoterapia?

“Já percebi que não estou dando conta sozinha de lidar com minhas preocupações, não consigo lidar com esses sentimentos bagunçados e essas sensações todas dentro de mim!! Mas como é a relação com um psicólogo? Como vou confiar em um estranho para dizer da minha intimidade?”

Se você se identifica em algum grau com a descrição acima, este texto poderá ajudá-lo a sanar suas dúvidas e a saber como encontrar um psicoterapeuta com quem se identifique. Para isto, passaremos pelos seguintes itens:
– O que posso esperar da relação com meu psicoterapeuta?
– Condutas duvidosas de um psicoterapeuta.
– Que postura esperar de um psicoterapeuta?
– Por que buscar um bom profissional?

O que posso esperar da relação com meu psicoterapeuta?

A psicoterapia tem a função de ajudar pessoas a se desenvolverem, a experienciarem suas vidas de uma forma mais construtiva. O psicoterapeuta, por meio de uma relação acolhedora, de alteridade e de interesse genuíno, vai possibilitar uma relação em que você consiga se expressar abertamente, sem julgamentos
Pela característica complexa da Psicologia, existem diversas formas de compreender o ser humano e isso diferencia as práticas da Psicologia (conceitos de homem e de mundo). Contudo, o fazer do psicólogo/psicoterapeuta, é baseado nos conhecimentos científicos da Psicologia e no Código de Ética Profissional do Psicólogo (que estabelece regras e normas quanto às práticas dos profissionais psicólogos).
Condutas duvidosas de um psicólogo/psicoterapeuta:
É importante o estabelecimento de uma conexão do cliente com seu psicoterapeuta, porém existem algumas condutas que podem dificultar essa relação e que falam de um profissional com conduta duvidosa.
Seguem abaixo algumas características a serem evitadas em uma relação psicoterapêutica:

– Dúvidas em relação à confidencialidade: O cliente não está se sentindo seguro na relação com o psicoterapeuta. Geralmente limita as informações compartilhadas, dificultando a comunicação e compreensão de suas experiências. Algo muito comum neste contexto é se cliente e o psicoterapeuta frequentam os mesmos espaços (trabalho, lazer) ou ainda se relacionam com pessoas em comum. O sigilo, e sua efetivação, é fundamental para a psicoterapia. É um direito do cliente e um dever do psicólogo/psicoterapeuta.
– O psicoterapeuta faz recomendações direcionando suas escolhas: Dar conselhos não é papel do psicólogo, por mais que as vezes o cliente queira! O papel do psicólogo é auxiliar o cliente a perceber suas possibilidades de escolha e instrumentalizá-lo para que ele próprio seja capaz de realizar essas escolhas. Sartre já dizia “somos condenados a sermos livres”. Nossas escolhas são pessoais em envolvem nossa responsabilidade sobre elas.
– Desrespeito pelos valores pessoais ou crenças: é proibido ao psicólogo/psicoterapeuta induzir seus clientes sobre valores pessoais, políticos, filosóficos, ideológicos, entre outros. Suas crenças e valores devem ser respeitadas.
– Desconsiderar suas perguntas: se o cliente não for ouvido de forma ativa e não tiver suas dúvidas acolhidas e trabalhadas a relação terapêutica se torna um monologo., gerando frustração e até um sentimento de repetição. Ninguém me ouve!
– Autorrevelação frequente do psicoterapeuta: o atendimento psicoterapêutico é um espaço de fala e reflexão para o cliente. Sentir-se disputando a possibilidade de fala ou que o foco não é o cliente, torna cansativo e não produtiva a psicoterapia. O cliente é figura, o terapeuta é o guardião do campo. O espaço psicoterápico é sempre do cliente.
– Deixar você se sentindo pior sem itens de ação: a psicoterapia não é para ser legal, é para fazer sentido, e por vezes isso pode ser doloroso e angustiante, pois, muitas vezes exploramos aspectos difíceis de nossa existência. Contudo, o profissional precisa auxiliar o cliente nesta jornada de (re)descoberta e (re)significação, buscando formas de lidar com esses aspectos. O cliente não está sozinho. É uma relação terapêutica. Também é importante o terapeuta estar atento aos recursos emocionais disponíveis ao cliente (em especial quando há um sofrimento emocional agravado).
– Julgamentos ou envergonhamento: a psicoterapia tem o intuito de acolher, aceitar e oportunizar o desenvolvimento pessoal do indivíduo. O julgamento neste sentido não é útil e não contribui para o processo de awareness do cliente sobre suas ações, levando este a sentir vergonha e culpa por sua forma de ser e estar no momento e por suas ações.

Se você perceber algum desses sinais fazendo parte da relação terapêutica, sugiro que você reflita sobre a qualidade da relação que está sendo estabelecida com seu psicoterapeuta.
Algumas perguntas que você pode fazer a você mesmo, neste sentido:
“Como estou me sentindo nesta relação? Encontro neste lugar e nesta relação o acolhimento, validação e pertencimento? Esta relação tem me auxiliado no meu processo? Eu me sinto à vontade me relacionando com este profissional?”

Que postura esperar de um psicoterapeuta?
A relação psicoterapêutica deve ser pautada em uma relação com um clima adequado para que o cliente possa se desenvolver. Para isso acontecer existem algumas características que devem estar presentes na postura do psicoterapeuta durante a relação com seus clientes:
Deve se estar interessado e disponível para estar na relação com o cliente;
Transmitir uma postura de diálogo com seus clientes, onde não demonstra saber mais do cliente que ele mesmo (relação dialógica);
Confiar na possibilidade de auto regulação e crescimento do cliente;
Buscar uma postura ativa na relação com o cliente;
Demonstrar uma postura ética enquanto profissional (estar atuando de acordo com o Código de Ética do Psicólogo);
Estabelecer uma relação em que o cliente se sinta seguro em compartilhar suas questões mais intimas e pessoais;
Tem interesse e acreditar no desenvolvimento da independência e autonomia do cliente;
Dar suporte para além dos momentos do atendimento em si como, por exemplo, estar disponível para orientações e suporte rem momentos de crise;
Demonstrar apropriação do saber científico assim como da prática da Psicologia, enquanto ciência.
Por que buscar um bom profissional?
Um bom profissional tem habilidades para auxiliá-lo de uma forma mais integral, conseguindo estabelecer uma relação terapêutica segura e confiável, baseada nos princípios da ciência e da ética profissional. Além disso, escuta ativa, acolhimento e suporte enquanto o individuo não consegue disponibilizar sua independência e autonomia para lidar com seus conflitos e desafios pessoais.
Estudos demonstram que é essencial para uma boa relação terapêutica que haja conexão, vínculo no contato cliente e psicoterapeuta. Já é desafiador abrir-se para perceber que precisamos de auxílio para lidar com nossas questões e com os desafios e dificuldades do dia a dia (perceber isso já é um importante passo neste processo). Assim, é necessário buscar um profissional que possa contribuir de forma eficaz, empática e respeitosa faz toda diferença neste processo de busca, conexão, (re)conhecimento e desenvolvimento pessoal.
A psicoterapia é um processo que nos leva a estarmos mais awareness (conscientes) de quem somos, como agimos, para conseguirmos viver de uma forma mais espontânea e fluida, mais saudável. O espaço terapêutico é um lugar em que junto com o psicoterapeuta olharemos para dentro de si, na busca da compreensão e do desenvolvimento pessoal. Sempre digo que não é preciso adoecer emocionalmente para que se busque por um acompanhamento profissional (vamos ao dentista somente quando dor de dente? Vamos ao médico somente quando estamos doentes? Se sua resposta foi sim, você não está só, vivemos ainda um modelo médico de tratamento do processo de adoecimento e não preventivo, para evitar ou adoecimento. Mas sonho ainda em viver tempos de promoção de saúde e não mais do foco na doença e sim, onde o foco é o indivíduo e sua qualidade de vida).
Se quiser conversar e conhecer mais sobre a Psicologia e como um psicoterapeuta pode auxiliá-lo conte comigo. Estamos juntos no propósito de nos desenvolvermos.