“Então é Natal… E o que você fez? O ano termina e nasce outra vez”.

A cada ano que passa um ritual se repete. A chegada de dezembro desperta em muitas pessoas sentimentos diversos entre eles a angústia, a ansiedade, a tristeza, a depressão ou a euforia, relacionados às expectativas de um novo ano ou ainda ao ano que está se encerrando.  Paramos e temos oportunidade de refletir e de pensar: “o que foi realizado, o que não conseguimos fazer e quais são os novos projetos para o ano que segue”. Até mesmo nas guerras mundiais, ocorre um cessar-fogo breve neste período. Prevaleceram os impulsos construtivos em meio a toda a dor e morte daqueles momentos.

Frequentemente, o novo ano não é tão novo assim. E o comportamento dos seres humanos acaba por vezes se repetindo compulsoriamente. Regimes alimentares abandonados, tentativa de parar de fumar, diminuição do consumo alcoólico, gastos superiores aos ganhos, disciplinas reprovadas, atividade física adiada e trabalho de conclusão não concluído são pequenos exemplos do dia a dia. Impulsionados hoje por uma grande carga publicitária e por momentos de confraternização, o homem se depara com sua realidade. Temos uma tendência de negar as nossas dificuldades. Apreciamos atribuí-las a outras pessoas, às instituições, ao acaso ou a qualquer outra razão, desde que não seja a nós mesmos. Sartre já dizia, “somos condenados a sermos livres”, ou seja, somos responsáveis por nossas escolhas, inclusive quando nos omitimos e não escolhemos. Enquanto não enfrentarmos essas questões existenciais, seja por reflexão própria, seja pela ajuda de um terapeuta, não conseguiremos realmente um “novo ano”. E, infelizmente, vamos repetir o “velho ano”.

Fundamentalmente, somos todos iguais, seres humanos vulneráveis, extremamente necessitados, lentamente desenvolvidos graças a vínculos importantes (mãe, pai, professores, irmãos, amigos e rede de apoio). É através dos vínculos que existimos. Muito cedo o ser humano percebe que sozinho não consegue “sobreviver”. É pela força do grupo que o homem consegue se estabelecer na natureza ou mesmo em instituições. Sozinhos somos facilmente abatidos.

“Todos queremos e desejamos um Feliz Ano Novo. O que precisamos pensar é o que farei de diferente para que o resultado seja outro neste novo ano?”

Por outro lado, os tempos atuais de sociedade competitiva, a busca por resultados rápidos e a sobrevivência dos mais aptos favorecem e incrementam um certo narcisismo (muito mais do que ser é importante parecer). Apesar de estarmos num mundo altamente conectado, vivemos num mundo solitário. Mensagens rápidas e superficiais online, falta de tempo, pouco convívio, pressa e outros fatores não permitem uma troca efetiva de afetos entre os seres humanos. A solidão é um ingrediente muito nocivo à saúde mental das pessoas. Especialmente em pessoas com sintomas depressivos, estar só, não ter alguém para conversar, para dividir, pode ter implicações sérias e aumentar os riscos de suicídio.

Em estudos, a solidão crônica é comparada ao hábito de fumar, com resultados semelhantes no prejuízo à saúde. Saber que outras pessoas estão preocupadas conosco nos conforta. Precisamos ser importantes para alguém. E é nas festas de final de ano que as famílias se reúnem, preservam seus hábitos, presenteiam-se e geralmente se fortalecem. É claro que também ressurgem conflitos, disputas e ressentimentos. Todos queremos e desejamos um “feliz ano novo”. O que precisamos pensar é “o que farei de diferente para que o resultado seja outro neste novo ano?”.

Nos tempos atuais, com a justa preocupação de preservarmos a natureza em que vivemos, esquecemos por vezes de destacar a importância de cultivarmos também nossas “metas de valores humanitários”, valores quase extintos como honestidade, amizade, compreensão, amor, empatia, fidelidade, bondade e outros sentimentos necessários e primordiais para a sobrevivência humana.

E quanto à você que está lendo este texto? O que foi bom em 2024? O que você gostaria de reviver? E o que você gostaria de fazer diferente? O que você espera do seu novo ano? E o que você precisa fazer para que ao final de 2025 seus planos e metas tenham se concretizado?

Desejo à você um Feliz e Prospero Ano Novo! E que ele comece agora, no presente!

 Um grande e carinhoso abraço